Vem amor…

Lá fora está um frio que arrepia,
vem Amor… tenho a lareira acesa…
…Vem nos requebres duma poesia.
Faz-me essa surpresa.

Trás teu jeito,
teu segredo,
tuas fantasias,
teu medo
e aconchega-te em meu peito.
Não querias?

Quero sussurrar-te um pouco
sorrateira e mansamente,
o quanto fui louco
numa ideia irreverente:

No palco dos meus poemas
dancei feito fado deste baile.
Sonhando minhas saudades apenas,
deixei-me cegar só p’ra te ler em braile.


(João Morgado)

Quero um mote

Dai-me inspiração para a minha poesia,
uma simples razão para a escrever.
Basta-me algo que eu possa entender,
algo em que acredite, uma filosofia.

Não quero estupidamente falar de leviandades,
de kama Sutra ou frivolidade.
Poderei escrever sobre o amor que me invade,
ou da mulher que me inspira sensualidades.

Quero descrever o Céu azul, o jardim em flor,
um mar bravio ou a noite estrelada.
Posso escrever apenas sobre a lua enfeitiçada.

Mas quero um mote, um tema como o amor,
para eu desenvolver o entusiasmo criador
e poder falar à vontade sobre a minha amada.



(João Morgado)